Eu nunca senti que tivesse nascido para ser alguma coisa específica. Durante o ensino médio, mudei de opção de profissão algumas vezes. Fui influenciada por disciplinas, professores e notas, sempre levando em consideração algum estímulo extrínseco. Psicologia foi uma dessas opções, e o que mais me chamou atenção na psicologia foi tentar entender como conversar com alguém poderia ajudar. Afinal, se fosse assim, conversar com amigos ou familiares também deveria ajudar. E os transtornos psicológicos? Por que algumas pessoas os têm e outras não? E, mais uma vez, como conversar pode ajudar? O que me fez ter interesse pela psicologia foi perceber a psicologia como ciência. Apesar de meu primeiro vestibular ter sido para psicologia, não foi essa a profissão que escolhi ao sair do ensino médio. Escolhi um curso em uma instituição pública que me possibilitasse estudar à noite para que eu pudesse trabalhar durante o dia. Acreditei que ser boa aluna fosse o suficiente para concluir uma graduação. Mas não contava que precisava verdadeiramente gostar do que estava fazendo para conseguir terminar a graduação. Eu via pessoas cursando psicologia e tinha a sensação de que elas estavam vivendo a minha vida, algo que deveria ser vivido por mim. Foi aí que precisei de muita coragem para abrir mão de um curso em uma instituição pública para recalcular minha rota. Não foi fácil. Eu tinha um sentimento de fracasso por ter desistido. Mas esse sentimento logo sumiu no meu primeiro contato com a psicologia. Lembro de ter me emocionado na primeira aula; meu coração batia forte de alegria. Então, era ali que eu deveria estar.